EMBASAMENTO DE TEORIA DA EVOLUÇÃO PÓS-DARWINISMO SOB OS ESTUDOS DE POMPONAZZI E PELÁGIO

 EMBASAMENTO DE TEORIA DA EVOLUÇÃO PÓS-DARWINISMO SOB OS ESTUDOS DOS FILÓSOFOS PIETRO POMPONAZZI E PELÁGIO


FUNDAMENTAÇÃO PÓS-DARWINISTA EM POMPONAZZI E PELÁGIO



WENDEL JACINTO DA SILVA

Centro universitário Leonardo Davnci- UNIASSELVI 

http://lattes.cnpq.br/8187265583018741

ISBN: 978-65-00-12080-6

Resumo: O estudo de Charles Darwin foi embasado na evolução através do ambiente, a fim de haver adequação da sociedade ao ambiente em que está inserida. Contudo, diferentemente aos pós- darwinistas, Charles Darwin não afirma em suas publicações que espécies se desenvolveram a partir de espécies pré-existentes, levando a extinção da espécie matriz ou coexistindo com a mesma.

 Darwin demonstra uma interpretação de evolução intelectual e do modo de organização social, especialmente em relação ao homo sapiens, transpondo a realidade ágrafa e passando a ter uma melhor comunicação, registros e desenvolvimento da ciência. 

Palavras-Chave: Pelagianismo, evolução, darwianismo e sociedade

 

Abstract: Charles Darwin's study was based on evolution through the environment, in order to adapt society to the environment in which it operates. However, unlike post-Darwinists, Charles Darwin does not claim in his publications that species developed from pre-existing species, leading to the extinction of the parent species or coexisting with it.

Darwin demonstrates an interpretation of intellectual evolution and the way of social organization, especially in relation to homo sapiens, transposing the unrealistic reality and starting to have better communication, records and development of science.

Keywords: Pelagianism, evolution, Darwianism and society



  1. Introdução


Os estudos de Charles Darwin embasaram-se nos estudos de diversos filósofos, especialmente Pelágio e Pomponazzi. Contudo, o seu embasamento teórico não o conduziu à declaração que a evolução das espécies extingue ou coexiste a espécie matriz, mas que espécies se adaptaram ao ambiente ao qual estão inseridas. 

O pós-darwinismo que apontou seus estudos como sendo a evolução de uma espécie coexistindo até o momento de extinguir a espécie matriz. Esse fundamento fora desenvolvido na perspectiva de Pelágio que a natureza existe em si mesma sem a intervenção divina (ou sobrenatural) e o pensamento de Pomponazzi que, de certa forma completa Pelágio, a inexistência da imortalidade.

A questão relacionada ao pós-darwinismo encontra-se se prossegue aos estudos originais de Charles Darwin ou justificação para sequência dos pensamentos de Pelágio, pomponazzi e a outros pensamentos filosóficos como o agnosticismo.   



  1. Pensamentos anterior a Darwin 


O pensamento de italiano Pietro Pomponazzi (1462-1525) conduz ao entendimento de ser fictícia a ideia da imortalidade da alma, onde trouxe-lhe grandes embates com os dogmas teocráticos do catolicismo predominante na Europa e retoma os estudos sobre o pelagianismo.

Como também o autor Feller comunga da mesma ideia ao descrever a crítica feita pelo Papa Francisco sobre o pelagianosmo;


“De modo geral, pode-se sintetizar o pelagianismo como uma doutrina que exalta de tal modo a capacidade da liberdade humana a ponto de negar a necessidade da graça divina para a prática salvífica da lei moral. O pecado original não teria contaminado verdadeiramente a natureza humana; portanto, por si mesmo e sem a ajuda da graça, o ser humano seria capaz de escolher o bem e não pecar. Ao menosprezar os dons sobrenaturais e gratuitos, acaba propondo um moralismo e um ascetismo voluntarista.” (Feller, 2015, p. 55)


Pelágio fora considerado herege e condenado pelo Bispo de Roma (418 d.C.) e pelo Concílio de Éfeso (431 d.C.), porém, a semente lançada marcou o mundo ocidental influenciando filósofos e estudiosos. 

Percebe-se que a fomentação da teoria de Pelágio propiciou a fundamentação do pensamento e elaboração de teorias dos pensadores que vieram após ele, porque a desnecessidade de intervenção divina para a salvação da alma, também retoma a tese dos saduceus (Varo, 2020) sobre a inexistência de vida pós morte

Visto assim que a ideia de inexistência de alma e vida pós morte não é uma concepção moderna, mas permeia através da história humana, inclusive, na sociedade judaica em que se dividiu entre as teses filosófica-teológicas entre saduceus e fariseus, inclusive após subjugo egípcio, babilônico, assírio, persa, grego e romano. Cada uma dessas culturas deixara suas marcas na cultura e filosofia judaica.

De forma secular, a questão sobre imortalidade da alma esteve em debate na filosofia judaica adentrando aos primeiros séculos a era cristã, podendo inclusive entender que perpetuou até a queda do Império Romano no século V, tendo durante a idade média a Igreja ascendido à nova classe nobiliária sobrepujando-a para combate as filosofias consideradas heréticas chegando ao extremo á contraposição ao pelagianismo de atribuir integralmente a vida e realidade humana a vontade divina, submergindo a ciência e a pesquisa a escuridão.

A percepção da filosofia oriunda de Pomponazzi e Pelágio demostra um estudo em que conduz ao pré entendimento que no quinto século já havia uma perspectiva da existência sem a interferência divina; traz o retorno ao embate entre o antropocentrismo e o teocentrismo que perpetuou pela idade média contrapondo a cultura ocidental e a oriental.




  1. Visão de Charles Darwin


Charles Darwin fora um naturalista britânico que propôs a teoria da evolução biológica por seleção natural em 1850 através do livro ‘A Origem das Espécies’ onde é proposta que as espécies “descendem com modificações” por mudanças de hábitos, como o fim do nomadismo em detrimento ao desenvolvimento de aldeias juntamente ao desenvolvimento da agricultura, criação de rebanhos e consequente normatização de regras para o convívio social. 

É notória a evolução devido a seleção biológica dos seres vivos, semelhantemente a mudanças de hábitos dos seres humanos, e nisso que está a evolução das espécies. É plausível a observância de mudanças genéticas em meio a observação das espécies, mas não condizente que uma nova espécie seja oriunda do processo evolutivo de outra; mas que somente os mais fortes e os mais aptos conseguem sobreviver, e a própria natureza se incumbe de proceder a essa seleção natural (Darwin, 1859).

A viagem pelo mundo do inglês Charles Darwin permitiu a observação de novos ambientes, regiões até então inexploradas sem documentação de sua fauna e flora, desta forma, novos mundos. Em meio as suas observações e catalogações, novos animais catalogados trouxeram diversos questionamentos, lembrando que não havia sido descoberto o D.N.A

A inexistência do estudo genético forçava ao estudo empírico da novidade descoberta, onde a observação de um ornitorrinco em sua viagem à Austrália certamente apontou diversos questionamentos devido sua anatomia e sua sociedade.

Outro questionamento que certamente levou a reflexão de Charles Darwin foi a sociedade tribal dos aborígenos australianos, onde tinham uma formação social, cultural e religiosa primitiva sob a perspectiva europeia. (Aborígenes Australianos, 2020)

É um fato que como naturalista, Charles Darwin dirigiu seus estudos a fauna e características que diferenciam de animais de “famílias” próximas e que possuem peculiaridades em sua estrutura. Este não é o enfoque deste trabalho, as observemos o desenvolvimento de um antigo animal presente em relatos da história humana, a mula. A mula é um animal híbrido oriundo do cruzamento de duas espécies diferentes: equus ferus caballus, a fêmea em questão denominada égua, e equus africanus asinus, o macho em questão denominado jumento. 

A razão da exposição da peculiaridade dessa espécie está em sua origem, muitas vezes induzidas pelo homem, em duas espécies diferentes; e esse fato não caracteriza evolução, mas um hibridismo entre espécies. Esse hibridismo não desenvolveu uma nova espécie animal comum, mas com questões genéticas graves como a infertilidade. 

Todavia o enfoque está em pesquisa sobre o embasamento de Charles Darwin a uma evolução humana. Charles Darwin em seus estudos não citou a evolução humana de um ancestral comum aos chimpanzés ou outro primata, mas demostrou a evolução por meio de adaptação ao ambiente.


  1. Pós-darwinsmo


Darwin não afirmou uma evolução orgânica ao ponto de afirmar, por exemplo, que o homo sapiens possui uma mesma raiz ancestral dos primatas, ao contrário, Darwin embasa-se constantemente em evolução a fim de adaptação ao ambiente e isso não envolve mudanças drásticas físicas e principalmente intelectuais.

A evolução humana ocorre em meio a adaptação climática e na aquisição de conhecimentos. A tonalidade de pele, características capilares, altura e outras características, inclusive atuais, dá-se não por processo evolutivo, mas em adaptação ao clima que o grupo social se encontra: deserto, semiárido, montanhas, tropical, frio extremo e etc. 

A capacidade de criação e desenvolvimento como modo de escrita, comércio, formato social que são verdadeiras características evolutivas; em especial o grupo social permanecer ágrafo ou ter desenvolvido a escrita. 

A problematização surgida após Darwin encontra-se na inferência da filosofia de Pietro na inexistência de vida após morte e na filosofia de Pelágio que o pecado original não teria corrompido a natureza humana e desta forma o indivíduo possui competência de desenvolver a plena moral e ética por si mesmo.

Ambas as teses poderiam levar ao agnosticismo, e essa condução implicar na exigência de explicação fora do âmbito criacionista e desta forma uma espécie de obrigatoriedade na aceitação que toda a matéria tem uma mesma origem e que a pesquisa de Darwin levaria a afirmação que as espécies evoluem de outras espécies, extinguindo-as ou coexistindo.

Como Darwin não afirmou categoricamente a evolução física dos animais, mas ao contrário, Darwin apresenta evolução devida a ambientação ao meio ao qual encontra-se. Sendo assim, a evolução humana é social e intelectual. 

Sendo assim, a teoria da evolução como considerada atualmente não se refere estritamente aos estudos de Charles Darwin, porém, refere-se aos estudos realizados após Darwin ao longo dos anos. 

  1. Considerações Finais


O darwinismo contemporâneo está embasado em conceitos anteriores as pesquisas de Charles Darwin. Conceitos desenvolvidos nos primeiros séculos da Era Cristã em Roma por meio de filósofos como o citado Pelágio, em 418 D.C. e mantendo-se em toda a idade média sendo plenamente divulgado pelo filósofo italiano Pietro Pomponazzi entre os séculos XV e XVI. A propagação da filosofia de Pelágio citando que o ser humano não depende de intervenção divina para salvação e vida cotidiana, o pensamento de Pompanazzi combatendo a imortalidade da alma e durante a cerca desses mil anos da Idade Média muitos pensamentos foram levantados e combatidos. 

Mas o cerne da apresentação desse trabalho concentra-se na ciência que todo estudo e teoria iniciam, ou seguem, de estudos e conhecimentos pré-existentes e desta forma o resultado dos estudos de Charles Darwin não tenham ocorrido exclusivamente de suas observações do ecossistema encontrados, mas tenham base nas teorias filosóficas presentes na ciência europeia; visto que Charles Darwin realizou sua teoria da evolução das espécies no século XIX e, possivelmente, tenha tido acesso direto ou indireto aos estudos mencionados. 

Este trabalho finaliza-se com a menção que Charles Darwin não afirmou a evolução das espécies sendo uma suprimindo a outra, mas o trabalho de Darwin cita a evolução por meio de ambientação ao local de habitação. Por tanto, é mais plausível analisarmos o pós- darwinismo em estudo da evolução em decorrência de mudanças no ambiente e por meio de aquisição cultural, por exemplo a domesticação dos animais, a sociedade deixar de ser ágrafa e ambientar-se plenamente a realidade do ambiente como as florestas tropicais, cerrados, desertos ou lugares de extremo frio; onde cada um desses ambientes traz consigo tipos de exigências para sobrevivência. 






  1. Referência


DARWIN, C. (1859). On the Origin of Species. London: Martin Claret.

FELLER, V. G. (2015). A crítica do Papa Franscisco ao pelagianismo. Encontros Teológicos nº70, 51-71.

MARCONATTO, A. L. (18 de 10 de 2020). Só filosofia. Fonte: Virtuorus Tecnologia da Informação: http://www.filosofia.com.br/historia_show.php?id=59

RUIZA, M. F. (18 de Outubro de 2020). Biografia de Pietro Pomponazzi. En Biografías y Vidas. La enciclopedia biográfica en línea. Barcelona, Espanha. Fonte: Biografías y Vidas: https://www.biografiasyvidas.com/biografia/p/pomponazzi.htm

SANTOS, H. J. (2019). O debate entre Agostinho e Pelágio sobre a questão do mal e sua contribuição para a sistematização da doutrina do livre-arbítrio entre os campos da teologia e da filosofia. São Paulo: Disseração de Mestrado: Universidade Mackenzie.

VARO, F. (18 de 10 de 2020). Fonte: OPUS DEI: https://opusdei.org/pt-br/article/quem-eram-os-fariseus-os-saduceus-os-essenios-e-os-zelotes/



Nenhum comentário:

Postar um comentário