quarta-feira, 15 de abril de 2020

Páscoa

Jerusalém, Jerusalém
Matas os seus profetas.

Escutas, mas não ouves
Olhas, mas nada  vês.

Lês, mas nada compreendes.
Usa-se de suas paixões.

Imersa as suas paixões,
Ultrajadas escrituras

Jerusalém, Jerusalém
Escraviza em liturgias.

Açoita em cerimônias,
Cerimônias de jazigos.

Jazigo de cultos mortos,
Mas sepulcros caiados.

Israel, estás imerso
Em dias de  Ezequias.

Ovelhas cegas e surdas
Não ouviram seu pastor.

Mas, o bom pastor veio
Em meio aos campos.

Ajuntar as suas ovelhas,
Levá-las ao aprisco.

Mas, muitas são bodes.
Selvagens e insolentes.

Não ouvem o pastor
Vivem dissolutamente.

Caminham na penha,
Serpentes a espreita.

Lobos em ovelhas
Ludibriando almas.

Ovelhas em seu ego,
Deixaram o aprisco.

Lobos as caçaram,
Serpentes as feriram.

Mas a maioria foi levada
Enganada num outro.

Outro aprisco aparente,
Pareciam desejos livres.

Mas estavam roubadas
Presas num falso oásis.

Teatro de um covil
Lugar de morte vil.

O bom pastor conhece,
Sabe de cada ovelha.

Junto ao pai o projeto,
Resgate das ovelhas.

O pastor fez-se ovelha,
Pagou a liberdade.

Diferente do salteador,
Convidou o rebanho.

"Eu sou o bom pastor,
as minhas ovelhas me ouvem"

"Eu sou a porta estreita,
Quem atravessa está livre"

Todo o preço pago,
Mas não as requisitou.

Diferente do salteador,
Deixou a escolha a elas.

Querê-lo, retorno ao aprisco.
Recusa-lo, ser destruído.

A cruz não é terror.
A páscoa não é dor.

A cruz é liberdade.
A páscoa é festa.

A páscoa é saída,
Mas também entrada

Saída das garras do salteador,
Para retorno ao aprisco.

Retornar ao aprisco...
Retorno para seu lar.

Louvado seja o pastor,
Que deu a vida pelas ovelhas.

Louvado o pastor,
Que ressuscitou e venceu.

Esmagou a serpente,
Encarcerou ou lobos.

Prendeu os salteadores,
E julgou a todos.

Páscoa é receber vida,
Páscoa é retorno ao lar